Conselhos para um estagiário
Um guia sincero para quem está começando, com tudo que eu gostaria de ter ouvido no início da minha carreira.
Durante um tempo, comecei a dar carona para um estagiário do meu time que morava na mesma cidade. Em tempos de trabalho híbrido, a gente ia para o escritório uma vez por semana. Para preencher o silêncio de mais de duas horas de trajeto diário, conversávamos sobre o trabalho e sobre a vida.
Quando eu fui estagiário, tive muito poucas oportunidades de conversar com meus gestores sobre algo que não estivesse diretamente ligado às minhas entregas, metas ou ao meu desempenho. E quando o assunto desviava do trabalho, era para falar de futebol (que eu nunca gostei), da previsão de chuva ou de como o trânsito estava caótico (novidade…).
Nessas caronas, percebi o quanto é valioso criar mais momentos como esse. Quase como uma mentoria informal, em que o diálogo é uma via de mão dupla e vai além das tarefas da semana. Conversas assim aceleram o aprendizado e, principalmente, humanizam as relações de trabalho.
É com esse espírito que abro as Conversas no Corredor desta semana, com conselhos para estagiários. E se você não é estagiário, não se preocupe: quando falamos de carreira, somos todos aprendizes. Seja estagiário, analista, coordenadora, gerente ou diretora — só mudamos o título no crachá.
Quero trazer, nesta edição, uma conversa franca sobre conselhos que eu gostaria de ter ouvido quando era estagiário (ou estava em fase de aprendizado) e que teriam acelerado muito meu desenvolvimento de carreira.
Bora lá? Pega um café e vem de carona hoje.
Curiosidade com força motriz do aprendizado
No início daquelas caronas com o estagiário, era sempre aquele papo de amenidades para quebrar o silêncio constrangedor entre dois estranhos. Aos poucos as conversas foram ganhando camadas conforme ele ia aprendendo mais sobre o trabalho, sobre a empresa e as relações políticas.
Era seu primeiro emprego, ele era genuinamente curioso. Não o curioso que pergunta para marcar ponto, mas o tipo que escuta de verdade, conecta uma coisa na outra e complementa com outra pergunta combinando assuntos.
Além das amenidades de qualquer início de conversa — tempo, lazer, notícias, etc — o os assuntos fluíam entre aprender mais sobre sua função, sobre situações que ele observava em algumas reuniões, sobre decisões corporativas ou então sobre as perspectivas futuras para a área — imagino que queria saber se seria efetivado.
Às vezes, logo cedo, eu também não estava muito no humor de ficar falando — afinal, somos humanos. E como perguntas abertas exigem respostas mais elaboradas, eu virava a mesa e assumia o papel de entrevistador: fazia perguntas que o deixavam falando por um bom tempo sobre projetos que fez, aulas da faculdade, matérias de engenharia e por aí ia.
Curioso nato, eu sabia demonstrar interesse em qualquer assunto. Aprendi que, com as perguntas certas, as pessoas ficam horas falando de si e de suas conquistas. Pelo visto, o estagiário sabia disso também. Sem querer ou perceber, ele estava colocando em prática a competência que considero uma das mais importantes para qualquer fase da carreira: a curiosidade.
O estágio é, talvez, o único momento da nossa trajetória em que temos licença poética para aprender durante o horário de trabalho, mesmo que isso signifique não performar tanto. Depois, o jogo vira, e aí, a régua é entrega.
Por isso, ser curioso é a habilidade que mais vai te ajudar nesse momento. Diferente da faculdade, onde o professor entra na sala e diz exatamente o que você precisa estudar, no mundo corporativo você tem prova todo dia (e ninguém te conta qual é a matéria).
Aprender a aprender, com base em um pensamento curioso, vai ser uma mão na roda para toda a sua carreira. Fomentar e fortalecer essa competência é chave para acelerar os próximos passos. Afinal, não temos um livro ou material explicando como executar a maioria das funções da nossa rotina na empresa.
Aprendemos conversando, buscando em livros, observando comportamentos, assistindo a vídeos, ouvindo podcasts e tantos outros meios. A chave para aprender não está em sentar na sua mesa esperando um manual detalhado das suas funções — alguns sortudos, em posições técnicas ou empresas muito organizadas, até têm esse privilégio — mas sim na curiosidade de fazer perguntas e buscar conhecimento.
Então, estagiário, seja curioso e busque aprender. Não tenha vergonha de perguntar! Ninguém espera que, nessa fase, você chegue sabendo exatamente o que precisa fazer.
E uma dica extra
Quando as perguntas são bem feitas e demonstram progresso no aprendizado, você ganha pontos extras com os gestores — porque isso demonstra interesse genuíno e te dá visibilidade.
Será que vão me efetivar?
Falando em perguntas, talvez essa seja a primeira que surja para todo estagiário. E, por mais que você não acredite, na maioria das vezes a resposta continua sendo: incerta e imprecisa.
Na minha carreira, já estive nas duas perspectivas dessa pergunta: como estagiário e como gestor. E, em ambas, eu não conseguia ter uma resposta clara com antecedência. Afinal, continuo nesta empresa? Busco outro estágio? Começo a aplicar para outras posições?
Não vou dourar a pílula: se a incerteza for muito grande, não perca tempo esperando o estágio acabar para se movimentar. Comece a buscar novas oportunidades. Afinal, alguns fatores interferem diretamente na previsibilidade dessa resposta. Por isso, precisamos entender como funciona um processo de efetivação.
Na teoria, ao término do contrato de estágio, o estagiário poderá concluir seus créditos e, enfim, iniciar seu processo de graduação com diploma. Se houver uma vaga na área em que atuou — ou em outra área para a qual atenda aos requisitos da função —, ele pode passar por um processo seletivo e, se aprovado, ser efetivado.
Durante esse processo, observamos alguns pontos que reduzem a previsibilidade da resposta à pergunta inicial. Entre eles, destaco:
Timing
Terminar o estágio, se formar e obter o diploma na sequência. Algumas vezes, as faculdades têm períodos que podem gerar um espaço de tempo (semanas ou meses) entre o término do estágio e a graduação.
Por exemplo: por lei, o estágio deve durar no máximo dois anos. Se sua faculdade tem cinco anos e você começou a estagiar no segundo, vai terminar seu estágio no quarto ano e ainda terá mais um ano de faculdade pela frente.
Sem diploma, algumas empresas não contratam para determinadas posições, como analistas ou especialistas. Outras abrem exceção (para assistentes), visto que o diploma está a caminho. Então, se planeje.
Vaga disponível
Ter uma vaga disponível ao término do estágio depende de fatores processuais e, muitas vezes, políticos. É difícil abrir uma nova vaga dentro da empresa. Geralmente, as posições são fruto de substituições, ou seja, alguém precisa sair ou ser promovido para liberar a vaga.
Se houver uma vaga na própria área, é mais fácil. O gestor já conhece o estagiário e, se houver um bom plano de desenvolvimento, ele será o candidato mais apto à posição.
Afinal, é melhor efetivar do que contratar alguém de fora, principalmente para posições de entrada, como aprendizes ou cargos juniores.
Se a vaga for em outra área, a dificuldade aumenta. O estagiário vai competir com outros candidatos da área ou pode haver um desalinhamento entre as habilidades exigidas e as desenvolvidas durante o estágio.
Nesse caso, o papel do gestor é fundamental: tanto para promover esse candidato junto a outros gestores quanto para facilitar sua exposição em outras áreas, caso as perspectivas da sua área atual sejam limitadas.
Se nenhuma vaga for aberta ou liberada, seja na própria área ou em outra, então não há como efetivar o estagiário.
Geralmente nesse último caso, o papel do gestor é fundamental para auxiliar na promoção desse candidato com outros gestores assim como também para auxiliar com exposição em outras áreas caso as perspectivas da sua área estejam baixas.
Se não liberou ou não foi criada uma vaga nessa ou outra área da empresa, então não tem como efetivar o estagiário.
Competências necessárias
Ter as habilidades e competências exigidas para a posição efetiva é um fator crítico. Isso vale tanto para outras áreas quanto para a efetivação dentro da própria.
Vamos imaginar que haja uma vaga de analista de dados júnior em aberto, e que essa estagiária tenha trabalhado próxima ao analista, executando relatórios e outras atividades correlatas.
Nesse exemplo, ela pode até ter desenvolvido as competências técnicas mínimas para a função. No entanto, a posição de analista exige um nível mais alto de responsabilidade, volume de entregas e qualidade, que vai além da execução pontual de relatórios.
Se, ao longo do estágio, o estagiário não demonstrou ter desenvolvido não apenas as competências técnicas — como a elaboração de relatórios —, mas também as comportamentais — como precisão, atenção aos detalhes e compromisso com a qualidade —, talvez ele ainda não esteja pronto para assumir uma posição de analista júnior naquela empresa.
É missão do estagiário aprender e entender o que lhe é esperado e, com base em feedbacks — tanto do gestor quanto de colegas de time —, se desenvolver para reduzir a distância entre suas competências atuais e aquelas exigidas pela posição que deseja alcançar.
Minha meta sempre foi efetivar os estagiários do meu time. Afinal, uma parte do sucesso de um estágio vem do gestor (isso é papo para outra publicação). Eu, pessoalmente, sempre soube se o estagiário seria efetivado na primeira metade do estágio.
No fundo, não existe fórmula mágica nem método infalível. Mas, se o estagiário ou estagiária demonstram interesse genuíno em continuar na empresa, mostram vontade de aprender, se desenvolver, entregam bem suas atribuições e têm bom relacionamento com o time, então eles estão aptos a continuar na empresa.
Minha trajetória como estagiário trouxe luz para aspectos dessa fase da carreira que, na época, eu mesmo não compreendia tão bem. Essas experiências foram fundamentais — não só para moldar a forma como me relacionei com os estagiários que passaram pelo meu time, mas também para estruturar o programa de estágio da empresa quando assumi projetos ligados ao desenvolvimento de talentos.
Estágio é para aprender (e errar)
Eu fui estagiário quatro vezes. Por uma particularidade e privilégio do meu curso, eu tinha possibilidade de fazer quatro estágios diferentes. Esse modelo intercalava períodos de aula e de estágios, meio que te obrigando a sair do estágio se quisesse levar o módulo de aulas sem perrengue.
Hoje em dia, vejo essa prática como algo bem difícil, já que conseguir um estágio já é quase uma missão impossível no mercado atual… imagina quatro em dois anos.
Em cada um desses estágios, fui aprendendo e ganhando experiências profissionais que levei comigo ao longo da carreira. Mas, acima de tudo, o maior aprendizado foi entender, com cada tentativa, o que eu não queria para o meu futuro profissional.
Em cada um desses estágios, fui aprendendo e ganhando experiências profissionais que levei comigo ao longo da carreira. Mas, acima de tudo, o maior aprendizado foi entender, com cada tentativa, o que eu não queria para o meu futuro profissional.
Mais do que uma busca certeira pela área ideal, foi um processo de eliminação: uma sequência de tentativas que me ajudaram a reconhecer o que, definitivamente, não fazia sentido pra mim.
Pesquisa de nano materiais
Como engenheiro químico, eu sonhava em criar mil produtos e fórmulas que iriam salvar o mundo. Logo no segundo ano, consegui uma bolsa e fiz iniciação científica na área de nanomateriais. Aprendi muito com pesquisa e desenvolvimento (P&D), li vários artigos (a duras penas), entendi o método científico e, ao final, minha pesquisa foi usada como base na redação de um artigo publicado.
Apesar de ter dado tudo certo e superado as expectativas, aprendi que não gostaria de trabalhar com pesquisa e desenvolvimento. O ponto crítico foi lidar com aqueles artigos que exigiam mais sinapses do que meu TDAH (na época não diagnosticado) era capaz de sustentar.
Além disso, no Brasil, o mercado de P&D é muito pequeno se comparado à Europa e aos Estados Unidos. Existem pouquíssimas oportunidades para muitos cientistas natos que dedicariam suas vidas à pesquisa com muito mais paixão do que eu.
Programação em VBA e construção de plantas de hidrogênio
O segundo aprendizado veio quando fui fazer duplo diploma na França e precisei estagiar lá, como um aluno regular francês. No entanto, eu não era francês — e descobri, a duras penas, que isso era um fator crítico em um país de origem conservadora.
Depois de mais de 60 candidaturas, fui chamado para uma única entrevista. Era tudo ou nada — eu precisava passar. Minha faculdade ficava a 650 km de Paris, várias horas de trem para uma única entrevista. Durante a conversa com a gestora, tudo correu bem… até ela me perguntar se eu sabia programar em VBA para Excel.
Eu nunca tinha ouvido falar, mas a vantagem de ser brasileiro se mostrou valiosa quando assenti dizendo que iria aprender no próximo semestre da faculdade — e que estava disposto a adiantar o aprendizado para o estágio. Não sei se foi a cara de pau ou a coragem de ser franco o fator decisivo, mas eu fui contratado.
Tive que aprender VBA e melhorar meu francês durante o estágio. Fui contratado para fazer algo que eu não sabia ao certo, em uma língua que não era a minha, mas contava com a principal competência para executar essa missão: a curiosidade.
Procurei, pesquisei e até comprei um livro: “VBA para Leigos”. Apesar de todas as intempéries, aprendi e executei com louvor o projeto de estágio. Muita coragem, cara de pau e curiosidade me ajudaram a superar as dificuldades diárias daquela experiência.
Sempre tive medo de programação na faculdade. Nunca sonhei em trabalhar com isso, e lá estava eu, usando programação para corrigir planilhas de construção de plantas que produziam hidrogênio.
Sustentabilidade e análise de emissões de CO2 - Gás Carbônico
Por fim, meu último estágio foi no Brasil. Meu histórico profissional (programação e engenharia ambiental) ajudou no processo seletivo, e fui contratado para atuar como estagiário no laboratório responsável pelos relatórios de emissões de CO₂ e pegada de carbono da fábrica de tintas.
Em 2013, o tema da sustentabilidade ainda engatinhava no Brasil e, pra mim, parecia a chance perfeita de entrar na área mais inovadora do setor ambiental. Estava empolgado. No estágio, fazíamos balanços para calcular quanto gás carbônico era emitido na produção de diferentes tintas da fábrica.
Era fascinante ver, na prática, todo aquele conteúdo teórico sobre o impacto das corporações no aquecimento global. Aqueles exemplos que pareciam distantes nas aulas ganhavam forma, como o clássico da ecobag, que só compensa seu impacto ambiental se for usada mais de 150 vezes para ir ao mercado.
Mas, além dos aprendizados técnicos, aquele estágio trouxe mais uma certeza: eu não queria seguir na engenharia — nem mesmo numa área interessante como a de sustentabilidade.
Finalmente me formei
Estava pronto para o mercado de trabalho. Após aprender com todos os estágios, tomei a decisão de não seguir na área técnica. Demorei para me conscientizar disso, afinal eu tinha amigos que já estavam sendo efetivados em bancos e consultorias, enquanto eu ainda estava decidindo o que gostaria de fazer.
Na saga de candidaturas, me dediquei aos processos de trainee. Passei em dois e acabei escolhendo aquele que oferecia maiores possibilidades futuras e, principalmente, valores mais alinhados aos meus.
Tive o que pode parecer um privilégio: poder escolher, mesmo que entre apenas duas opções. Mas, até aí, já tinha sentido na pele os efeitos de não ter tomado uma decisão de carreira mais cedo. Como eu havia estagiado apenas em áreas técnicas, acabava pontuando menos nos processos mais corporativos e generalistas.
Mais uma vez, foi um aprendizado na prática. Afinal, eu tive poucas referências quando o assunto era perspectiva de carreira. Era o primeiro engenheiro da família e estudei a vida inteira em escola pública. Filho de um metalúrgico e de uma costureira (com muito orgulho). Fui entender o que era uma universidade pública só no segundo ano do ensino médio, durante uma visita à Unicamp.
Meu círculo de amigos não falava sobre carreira. Minha preocupação era ir bem na faculdade, porque foi assim que aprendi a vida toda. Afinal, se eu estudasse muito, passaria em uma boa universidade. E, se tirasse boas notas na faculdade, teria um bom emprego. Erro!
Aprender sobre a dinâmica corporativa
Recordando essa época, hoje em dia percebo que meu círculo de amigos não falava sobre esses temas de carreira, pelo menos não comigo. No máximo, conversávamos sobre participar de processos seletivos, entrevistas e afins.
Ninguém comentava como era promissora uma carreira em consultoria, ou como abrir uma empresa poderia ser difícil, mas com um retorno exponencial. Tampouco se falava sobre como os bancos pagavam muito, porém exigiam sua alma em troca, com rotinas de 15 horas diárias.
Assuntos como perspectivas de carreira e visão de futuro raramente faziam parte das nossas rodas de conversa. Minha prioridade era garantir um emprego estável depois de formado.
Aprendi a planejar e a construir perspectivas sobre minha carreira somente quando entrei no mundo corporativo. Foi nesse momento que comecei a conversar mais com gestores e com pessoas que ocupavam posições que eu ainda estava descobrindo.
Durante o programa de trainee, passamos por um processo de job rotation. A empresa nos oferecia tempo, acesso e contexto para entender como cada área funcionava, o que fazia e como tudo se conectava.
Olhando em retrospecto, esse foi o maior privilégio da minha carreira. Já no primeiro ano, eu tinha uma visão, ainda que superficial, do funcionamento completo da máquina corporativa.
Compreendi as funções de cada departamento, as relações entre eles e como cada área contribuía para o resultado da empresa. Aprendi por que existiam os departamentos de finanças, vendas, compras, operações, recursos humanos e tantos outros.
Nomes que, até então, eu só tinha ouvido de passagem, já que na faculdade de engenharia, pelo menos na química, ninguém ensina como uma empresa funciona.
A grande vantagem da engenharia é que somos expostos a diferentes formas de resolver problemas. E uma coisa é unânime em todas as áreas do mundo corporativo: sempre há problemas a serem resolvidos e ineficiências a serem otimizadas. Talvez por isso haja tantos engenheiros ocupando cargos corporativos.
Somente no meu primeiro emprego comecei a ter contato real com as diferentes áreas da companhia e a criar afinidade com algumas delas.
Foi na área de projetos que tive meu primeiro contato com uma rotina mais diversa, com temas variados e perspectivas futuras para a posição. Depois, atuei em projetos voltados para vendas, o que acabou me levando à área comercial. Combinando a experiência dessas duas áreas e um MBA, segui para excelência comercial, marketing, customer experience e, por fim, estratégia corporativa.
Como pensar em uma trajetória de carreira
Até o começo da minha jornada profissional, eu não tinha planejado a minha trajetória e jamais imaginaria que teria percorrido cada etapa da forma como aconteceu. Afinal, ela não foi linear como costuma ser uma carreira na engenharia, não foi previsível como na consultoria e tampouco teve a dinâmica ou as dificuldades inerentes a quem decide abrir um novo negócio.
Desde estagiário, fui aprendendo o que eu não gostava e, com isso, tive a chance de testar, errar e ajustar até encontrar algo com o qual me sentia bem. Costumo dizer que, hoje em dia, é bem difícil trabalhar com algo pelo qual se é realmente apaixonado. Sorte da minoria privilegiada que consegue.
Acho que fomos muito iludidos com essa romantização eterna do “trabalhe com o que ama e não passe um único dia trabalhando”. Bobagem. Na verdade, a gente acaba escolhendo uma área que tenha a ver com nossos interesses e que seja mais compatível com nossas habilidades pessoais.
Já disse isso em outra publicação: no trabalho, a gente sempre precisa engolir algum sapo. Então, se for pra escolher, que seja um lugar onde os sapos sejam menores e mais fáceis de engolir.
Quanto antes tivermos uma noção clara do que queremos ou não queremos para nossa carreira, menos árdua será a jornada. Se você não está naturalmente exposto a ambientes que fomentam esse tipo de reflexão, se sua família não fala sobre isso, se seus amigos estão em outra vibe, então você vai precisar tomar as rédeas e buscar esse aprendizado por conta própria.
A curiosidade será a habilidade mais valiosa para o eterno aprendiz, seja ele estagiário ou diretor. Só com ela conseguimos romper barreiras de conhecimento que ainda estão restritas a certos círculos. Afinal, informação é poder.
Com ela, o aprendizado se torna natural. E não apenas nessa fase da carreira, mas em todas as outras, precisamos aprender a aprender todos os dias. Se você ainda não ouviu, provavelmente vai ouvir um gestor dizer: “por mais que você estude, nunca vai saber tudo sobre gestão de pessoas”.
E eu complemento: essa ideia vale para todos os campos, não só para gestão. Existe um termo chamado “Lifelong Learning”,confira o Link, que trata justamente da importância de aprender ao longo da vida toda.
Busque referências de caminhos que você admira, converse com pessoas que te inspiram e demonstre interesse genuíno por suas trajetórias. Aos poucos, você vai criando um repertório de interesses que vai deixando mais claro os rumos que sua carreira pode tomar.
Espero que tenha aproveitado a carona até aqui! A viagem pode ter sido um pouco longa, mas para mim essa conversa foi bem proveitosa. Fico muito grato em poder compartilhar e me disponho a conversarmos mais sobre o tema.
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Conheça mais sobre o Conversas no Corredor
Criei essa newsletter para falar sobre temas do mundo corporativo que todo CLT deveria aprender. São aquelas conversas que eu gostaria de ter tido com meus gestores ao longo da minha carreira—insights que fazem a diferença, mas que nem sempre surgem em reuniões ou treinamentos formais.
Por isso, chamei de Conversas no Corredor: aprendizados que acontecem naquele papo despretensioso enquanto tomamos um café.
Se quiser acompanhar, já pega o seu café e vem comigo! 🔥💼
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Ser um Puxa-Saco pode te promover
Se tem uma coisa que todo mundo detesta no trabalho, é o puxa-saco. Aquele que elogia o chefe descaradamente, faz tudo para agradar e parece se dar bem sem precisar entregar muito. Mas e se eu te dissesse que ser puxa-saco pode, sim, te promover? Não daquele jeito óbvio e irritante, mas de forma estratégica e inteligente.
Faz sentido! Obrigada pelo retorno ☺️
Que texto claro, gostei!
Recentemente iniciei num estágio que era exatamente o que eu queria, mas só estava procurando fora, longe de casa. Assim, do nada, a Produtora que me contratou entrou em contato, sem eu nunca ter enviado um currículo na cidade que moro, e me convidou pra uma conversa.
Haviam visitado meu perfil no LinkedIn e lido meus poucos textos aqui, bem simples assim.
Já haviam entrevistado algumas pessoas, mas me disseram que o olho brilhou quando souberam de mim.
Então agora sou estagiária e tá sendo incrível, eles me acolheram muito bem e me ensinam todos os dias, hoje deram a câmera fotográfica na minha mão e me mandaram brincar na rua, foi mágico saber que acreditam na minha capacidade, assim posso exercitar a mesma crença.